Cartas do Gestor – Maio 2025

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Prezado(a)s amigo(a)s e investidore(a)s,

Em maio, a negociação melhor do que o esperado entre Estados Unidos e China indicaram, como comentamos na nossa carta mensal, que há uma “Trump Put” – isto é, pioras nos preços dos ativos financeiros podem motivar recuos em Trump. Com este recuo, as quedas nas projeções do PIB americano – e, consequentemente, do PIB Global – começaram a ser revertidas. O cenário de uma forte reaceleração na inflação americana também perdeu probabilidade. Por fim, a expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos também foi ajustada para mais perto do pré-Liberation Day.

Por aqui, na ata publicada dia 13 de maio, o BC repetiu o tom mais dove do comunicado, dando muito destaque para o cenário internacional e, principalmente, para os sinais incipientes de desaceleração na atividade econômica. Em relação ao cenário internacional, a ata poderia estar um pouco defasada, dado que a reunião do Copom ocorreu antes da negociação entre Estados Unidos e China. No entanto, notamos que os diretores não fizeram ajustes na falas em seguida quando tiveram oportunidade. O BC parece ter bastante convicção de que a política monetária está significamente contracionista e já está atuando nos seus canais de transmissão, inclusive já contribuindo para uma moderação no crescimento.

A mensagem do BC nos parece um pouco precipitada, tendo em vista a robustez dos indicadores econômicos. Os dados de confiança estão melhorando do tombo observado em janeiro. O PIB do 1º trimestre confirmou uma economia aquecida, que não pode ser atribuída

somente à produção recorde do setor agropecuário. O mercado de trabalho, que é sabidamente defasado no ciclo, segue renovando taxas de desemprego cada  vez mais baixas. Os dados mais preliminares do 2º trimestre não indicam ainda uma virada da economia. Soma-se a isso a inflação corrente elevada e as expectativas relativamente estacionadas em um patamar muito desconfortável. Por isso, vemos que a política monetária precisará ficar contracionista por tempo prolongado. O BC está tentando passar esse recado, mas nos gera dúvidas ao comunicar precipitadamente tantos pontos de fraqueza na economia.

No terreno do fiscal, o primeiro relatório bimestral do ano apresentou um contingenciamento e um bloqueio de despesas maior do que o esperado e trouxe projeções mais realistas. O governo, dessa forma, tentou mudar a estratégia adotada em 2024 de contar um pouco com a sorte e fazer ajustes mínimos necessários nesses relatórios, esperarando chegar até o final do ano para ver a real necessidade de aperto nos gastos. O primeiro olhar para essa notícia parecia otimista, até vermos que o custo disso é um aumento do IOF para conseguir fechar as contas. Essa medida de surpresa revela que as possibilidades para o arcabouço sobreviver estão se esgotando. A relação entre governo e congresso está extremamente frágil, fazendo com que o governo aposte em medidas que não precisam de aprovação do legislativo.

Mesmo com a descompressão vinda do externo e dos sinais desafiadores na condução da política econômica no Brasil, os preços dos ativos brasileiros se mexeram pouco. A taxa de câmbio por dólar ficou oscilando na banda entre 5,60 e 5,70 e a curva de juros não reviu os cortes precificados para 2026, logo após o susto do Liberation Day.

Obrigada,

Laura Moraes, economista da Neo.

Acompanhe os relatórios de gestão da Neo:

Neo Multimercado 30

Neo Provectus I

Neo Argo Long & Short