Se, antes do dia 24 de fevereiro, já era difícil projetar um roteiro de normalização pós-pandemia para a economia global, agora precisamos fazê-lo levando em conta os efeitos de um outro grande choque. Parte desses efeitos está condicionada à duração da guerra; outra parece já irreversível, mesmo se o conflito terminar amanhã.
No primeiro grupo está a alta dos preços de commodities e suas consequências para inflação e crescimento. Um conflito mais duradouro tem maior probabilidade de levar o Ocidente a aumentar as restrições às compras de produtos primários russos, requerendo um tempo maior para que a oferta de outros fornecedores se ajuste, com preços mais altos nesse período. A persistência de preços de petróleo muito altos poderia derrubar o crescimento global, favorecendo, por outro lado, os poucos países exportadores.
Por ora, a alta do petróleo parece, proporcionalmente, impactar mais os preços ao consumidor que a atividade econômica, de forma que os bancos centrais ainda não terão que se deparar com o dilema de uma estagflação. Ainda que marginalmente mais fraco, o crescimento projetado no mundo desenvolvido ainda é robusto, enquanto a inflação, já partindo de patamares muito desconfortáveis, deve seguir acelerando ou demorar mais para desacelerar. Esse cenário parece ainda justificar juros mais altos nos Estados Unidos, na Europa e em parte dos países emergentes.
Leia aqui, na íntegra nossa análise sobre o cenário economico atual e as influencias da guerra da Ucrânia na economia global.