Cartas do Gestor – Dezembro 2023

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Prezado(a)s amigo(a)s e investidore(a)s,

A última reunião de política monetária do ano nos EUA endossou a onda de bom humor que vem prevalecendo nos mercados desde novembro. As expectativas para as variáveis econômicas publicadas junto com a decisão seguem se traduzindo em um cenário de ‘pouso suave’, com números de inflação recentes baixos levando à possibilidade de mais cortes de juros em 2024.

No restante do mundo desenvolvido, a Noruega entregou o que possivelmente será a última alta de juros nos países que acompanhamos, e os dados de alta frequência devem determinar quem sairá na frente na reversão do ciclo de aperto. Com a inflação mensal menos volátil, os indicadores de atividade devem seguir ganhando relevância, sobretudo considerando a dissonância entre o discurso dos dois bancos centrais mais relevantes (Fed e ECB) e os dados mais recentes: na Europa em recessão, o ECB projeta uma recuperação improvável e fala em resiliência da inflação, enquanto o Fed parece ver à frente um risco de desaceleração que ainda não apareceu nos dados mais agregados de consumo e renda e fala em quedas de juros mesmo antes da convergência da inflação à meta.

Os juros de 10 anos americanos terminaram 2023 em patamares caprichosamente similares aos do final de 2022, disfarçando um ano bastante volátil para a renda fixa global. O Brasil acompanhou a compressão recente de juros globais, com o mercado voltando a precificar a Selic ao final de 2024 próxima a 9%, patamar compatível com o nosso cenário. O conjunto de dados locais de inflação de novembro/dezembro alimentou a suspeita de que o melhor para a inflação de curto prazo parece estar ficando para trás, com a estabilização do núcleo de serviços ao consumidor ao redor de 4% anuais e os preços no atacado (sobretudo de alimentos) começando a reverter as quedas observadas em praticamente todo o restante do ano. Projetamos a variação do IPCA em 2024 em 4,1%, um pouco acima do consenso de mercado (3,9%).

Por fim, o câmbio dólar/real terminou o ano em 4,85, pouco abaixo da projeção que mantivemos ao longo de 2023. O ambiente externo favorável, com o dólar em dezembro perdendo valor contra quase todas as moedas que acompanhamos, anulou a sazonalidade dos fluxos de saída de dólares, típicos do mês. A melhora da nota de crédito do país pela S&P voltou a alimentar algum otimismo com apreciação esperada da moeda, mas não temos tanta clareza sobre o cenário para o dólar global e nem convicção de que diferenciais de juros e crescimento daqui em diante farão o Brasil se destacar como potencial destino de capitais.

Obrigado,

Luciano Sobral, economista-chefe da Neo.

 

Acompanhe os relatórios de gestão da Neo:

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