Cartas do Gestor – Janeiro 2025

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Prezado(a)s amigo(a)s e investidore(a)s,

Em janeiro, os mercados globais conseguiram atravessar o ruído que cercou o início da “presidência imperial” de Donald Trump com um bom desempenho da maioria dos ativos. Notadamente, o real ganhou 5,6% contra o dólar e foi a moeda de melhor desempenho entre as que acompanhamos, devolvendo boa parte da desvalorização relativa a outras moedas de emergentes acumulada no segundo semestre do ano passado.

Os preços refletem uma probabilidade baixa da nova política americana de tarifas causar uma disrupção forte no comércio global ou aumentar a inflação naquele país, apesar das ameaças quase diárias de Trump. A ausência de anúncios ligados ao comércio exterior nos primeiros dias de governo reforçou essa impressão e reduziu os prêmios de risco embutidos nos ativos.

No Brasil, o recesso do Congresso contribuiu para um noticiário local mais tranquilo. Apesar do grande alívio no câmbio, o mercado seguiu revisando para cima as expectativas de inflação para os próximos dois anos, num movimento que, acreditamos, levará as variações esperadas para o IPCA em 2025 e 2026 para, respectivamente, perto de 6,0% e 4,5%.

O Copom optou por não antecipar os movimentos que fará depois de entregue o orçamento de 3pp de altas na Selic prometido em dezembro. O cenário de inflação descrito acima leva à necessidade de altas para além dos 14,25%, o que testará a disposição da nova diretoria em seguir conquistando credibilidade junto ao mercado (não temos motivos, por ora, para acreditar em qualquer mudança na postura adotada na transição de 2024). Acreditamos que o ciclo de altas terá uma pausa em 15,25%, nível que, em alguns meses, levará o BC a projetar a inflação do final de 2026/início de 2027 ao redor da meta de 3%.

Cabe notar também a decepção com os dados de atividade econômica divulgados durante o mês, sobretudo a contração do emprego formal (descontados os efeitos sazonais) em dezembro.  Uma desaceleração mais forte na atividade poderia antecipar o fim do ciclo de alta de juros e, ao mesmo tempo, aumentar o risco de novas medidas com impacto fiscal para tentar estimular a economia.

Luciano Sobral, economista-chefe da Neo.

 

Acompanhe os relatórios de gestão da Neo:

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Neo Argo Long & Short