Cartas do Gestor – Março 2025

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Prezado(a)s amigo(a)s e investidore(a)s,

Com Trump, a famosa frase de Marx que diz que “a história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa” pode ser atualizada com uma nova fase, a da esculhambação. Nesse espírito, o Dia da Libertação, assim designado e comemorado por vários países como a data em que seus cidadãos se libertaram de imperialistas, fascistas, nazistas e outros opressores, virou a data (2 de abril) em que o festival de aumentos de tarifas viverá seu ápice até agora, com o anúncio esperado de novas taxas para os mais diversos países e setores.

Na espera por esse dia, os mercados aproveitaram para libertar-se de ativos americanos, que, até há poucos meses, pareciam ser a única alternativa no mundo desenvolvido para investidores globais. O índice DXY perdeu 4% no primeiro trimestre, enquanto os índices de ações americanos tiveram as maiores perdas entre seus pares. Nesse ambiente ambíguo para ativos de risco, com dólar fraco, aumento de volatilidade e piora de sentimento, as moedas de países emergentes encontraram espaço para devolver parte da desvalorização do final de 2024, com destaque para o real, que ganhou 8% contra o dólar (havia perdido quase 12% no quarto trimestre).

No Brasil, o Banco Central terminou de entregar os 3pp de alta na Selic prometidos em dezembro e, como imaginávamos, sinalizou que prosseguirá com o aperto monetário. O cenário e a comunicação oficial seguem compatíveis com nossa projeção de juros a 15,25% no final do ciclo. Na nossa visão, as projeções de inflação para 2025 e 2026 devem se estabilizar ao redor das medianas atuais da pesquisa Focus, o que deve dar mais tranquilidade para o BC sinalizar, nos próximos meses, o fim do ajuste.

Por fim, o governo enviou ao Congresso sua proposta de reforma da taxação da renda, cujo objetivo principal é isentar rendimentos mensais de até R$5.000. O esquema de compensação sugerido de fato não levaria a perda de receita tributária, mas acreditamos que os riscos da tramitação num Congresso de oposição e com pouca participação no Executivo são bastante altos. Na mesma linha, a aproximação da definição do orçamento para o ano eleitoral deve abrir mais espaço para outras propostas que abrirão conflito com o arcabouço fiscal. Em outras palavras, dificilmente o noticiário local será tão tranquilo no restante do ano quanto nesses meses do verão que passou.

Acompanhe os relatórios de gestão da Neo:

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