Durante dezembro, os mercados globais comemoraram as evidências crescentes de que a variante Ômicron do coronavírus provoca, ao menos em populações com taxa de vacinação/infecção prévia relativamente altas, infecções mais leves. O S&P500 terminou o ano ao redor de nova máxima histórica e o petróleo voltou a perto de US$80/barril. Ainda assim, a explosão no número de casos em boa parte da Europa e nos Estados Unidos deve adiar, ao menos nas primeiras semanas de 2022, a volta completa da precificação do fim de restrições econômicas ligadas à pandemia.
Esse ambiente não fez o Fed desviar da visão de que a conjuntura de inflação e do mercado de trabalho requer uma política monetária um pouco mais agressiva do que se imaginava há alguns meses. As projeções de ao menos três altas nos juros básicos em 2022 ajudaram a sustentar um dólar forte, mesmo em meio ao forte aumento de apetite a risco.
No Brasil, as idiossincrasias locais continuam sendo mais relevantes que o cenário global para os mercados. Com indicações de que o Copom não deve acelerar o ritmo de alta de juros e encerrar o ciclo atual no primeiro trimestre, os juros curtos caíram fortemente. Mesmo assim, a curva continua invertida, indicando o início de um ciclo de cortes na Selic logo após as eleições. Essa precificação segue nos parecendo pouco compatível com nosso cenário para 2022 de crescimento baixo (mas não recessão), inflação acima do teto da meta e pouco incentivo para os candidatos à presidência acenarem, durante a campanha, com uma agenda econômica responsável.
No curto prazo, porém, a diminuição do ruído político no período de recesso parlamentar e a virada de sazonalidade para o fluxo cambial podem levar a algum otimismo temporário. Os ativos locais (o câmbio, em especial) seguem baratos historicamente e sujeitos, portanto, a fortes movimentos de correção a despeito do horizonte mais longo ainda bastante nebuloso.
Acompanhe os relatórios de gestão da Neo para o mês de dezembro de 2021: