Prezados (as) amigos e investidores,
Como em agosto, o fortalecimento do dólar americano, por conta da fraqueza relativa das economias da Europa e da China e continuação da política monetária frouxa no Japão, seguiu sua tendência e contribuiu para o mau desempenho de ativos de risco. Além desses fatores, ao longo do mês o mercado voltou a ajustar para cima a taxa de juros final do ciclo de aperto que vem sido feito pelo Federal Reserve, levando a mais aperto de condições financeiras e maior probabilidade de uma recessão nos Estados Unidos.
Acreditamos que a precificação dessa taxa ao redor de 4% é, por ora, adequada, e que nesse nível o Fed poderá esperar por muitos meses até ter (ou não) evidências de que a inflação entrará numa trajetória de convergência para a meta até 2024. A contração econômica “contratada” pelos índices de condições financeiras é grande e, se materializada, alimentará mais uma rodada de piora de condições financeiras, até que o Fed acene com a possibilidade de reverter o ciclo, provavelmente com a economia já em recessão.
Seguimos não tendo clareza quanto à solução dos problemas de suprimento de gás na Europa, de forma que não conseguimos descartar a possibilidade de mais medidas de contração de atividade para reduzir a demanda por energia.
Quanto à China, os dados mais recentes dão conta de uma recuperação marginal no mercado imobiliário; ao longo dos próximos meses, a combinação das medidas de estímulo com sinalização de afrouxamento das medidas de contenção de covid pode indicar o início de uma recuperação mais ampla da atividade, de uma base ainda deprimida pelos efeitos da pandemia.
No Brasil, ainda que já adentrando outubro, é impossível não destacar a reprecificação dos ativos após o resultado do primeiro turno das eleições. A diferença significativamente menor que o esperado entre os dois principais candidatos e o fortalecimento da direita no Congresso e nos estados reacendeu a probabilidade da reeleição de Bolsonaro. Esses fatores podem ter criado um grande incentivo para que Lula sinalize mais moderação em seu programa.
Isso abre de vez, tardiamente, a janela para a histórica volatilidade dos mercados locais em período eleitoral: dada a forte reação dos mercados no primeiro pregão pós-votação, os ativos devem seguir se movimentando na medida em que esse novo cenário é negado ou confirmado por pesquisas e movimentações dos candidatos ao longo do mês.
Obrigado,
Luciano Sobral, economista-chefe da Neo.
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