Cartas do Gestor – Maio 2022

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Prezados(as) amigos(as) e investidores(as),

Os dados da economia brasileira divulgados em maio apontaram para um cenário de atividade mais forte e inflação (ainda) mais alta do que se esperava há alguns meses. No caso da atividade, as revisões que devem seguir a divulgação do PIB do primeiro trimestre provavelmente levarão a mediana das projeções de mercado para o ano cheio a algo próximo de 2% (revisamos a nossa de 1,0% para 1,8%). Chamaram a atenção, sobretudo, os dados de emprego de abril (pela PNAD contínua do IBGE), que apontaram para a criação média de 1,2 milhão de vagas mensais no trimestre móvel e uma taxa de desemprego próxima a 9%, patamar mais baixo desde 2015.

O cenário de preços ao consumidor, por sua vez, segue com poucos sinais de alívio, e a precificação de mercado para a inflação de 2022 (que chegou a passar de 10%) só foi contida com a intenção do Congresso de aprovar leis reduzindo impostos estaduais sobre alguns bens e serviços tidos como essenciais. Troca-se, portanto, capacidade de arrecadação perene por uma queda imediata nos preços – exatamente o tipo de política fiscal que se temia com a aproximação das eleições.

Essa conjunção de fatores – inflação subjacente mais alta e persistente, atividade mais forte e fiscal mais frouxo – dificulta ainda mais a tarefa do Banco Central de reduzir a inflação.

Na nossa visão, aumentou-se a probabilidade de o nível de juros exceder o que projetamos como cenário-base (13,25%), o que nos leva a crer que teremos que conviver com a Selic na máxima do ciclo durante a maior parte de 2023. Nossa projeção para a inflação daquele ano já está próxima ao teto da meta, que, acreditamos, se tornará em breve o objetivo intermediário do BC, numa convergência mais demorada para o centro da banda determinada pelo CMN.

No mundo, o aparente controle da onda mais recente de covid na China animou os mercados na segunda metade do mês, embora persista a percepção de risco de estagflação global. Os números de inflação de abril seguiram surpreendendo para cima na maioria dos países que acompanhamos, e a dinâmica de atividade, preços de commodities e preços no produtor sugerem continuação da alta generalizada nos índices nos próximos meses.

O ambiente segue sendo desafiador para bancos centrais e, com raras exceções, a probabilidade de controle da inflação nos próximos anos sem a necessidade de provocar uma recessão parece cada vez menor.

Acompanhe os relatórios de gestão da Neo para o mês de maio de 2022:

Neo Multimercado 30

Neo Provectus I

Neo Argo Long & Short

Neo Argo Equity Hedge

Obrigado,

Luciano Sobral, economista-chefe da Neo.